De quantas senhas você precisa
se lembrar por dia?
Talvez você comece com as
senhas para destravar o celular e para ligar o computador da empresa. Na
internet, usará senhas para acessar e-mail, Facebook, Twitter, sites de
comércio online e assinaturas de sites de notícias.
Essa profusão de códigos que
somos obrigados a memorizar abre debates sobre segurança online e já ganhou até
nome: "password fatigue" ou "password overload" (fadiga ou
sobrecarga de senhas, em tradução livre).
Uma pesquisa de agosto da empresa
de tecnologia Janrain, feita com 2,2 mil americanos, apontou que 58% dos
entrevistados têm cinco ou mais senhas para lembrar, e 30% têm dez senhas.
Mais de um terço deles
declarou que preferiria cumprir uma tarefa doméstica – lavar roupa ou limpar o
banheiro – a criar um novo cadastro de login e senha.
Segurança
Para alguns especialistas,
essa sobrecarga se dá porque a internet originalmente não foi pensada para
conter tantos dos nossos dados pessoais.
Como hoje uma grande parte da
nossa vida está sob esses códigos, quão seguros eles são - ou deveriam ser?
Joseph Bonneau, que estudou
senhas e segurança cibernética na Universidade de Cambridge, diz que muitas das
senhas escolhidas pelas pessoas são extremamente fracas, como ABCDE. Ainda
assim, ele não acha que o tema deva ser encarado com paranoia.
"Minha sugestão é ter
senhas bem seguras para coisas importantes, como o cartão de banco e
e-mail." Nesses casos, diz, vale evitar números associados à sua vida e
apostar em combinações aleatórias de letras e números que, como serão usadas
com frequência, acabará sendo memorizadas.
Para cadastros menos
importantes, senhas simples bastam, diz ele.
Outra sugestão de Bonneau é
usar "password managers" (gerenciadores de senha), programas que, sob
uma única senha mestra, geram códigos para as demais senhas que você precisar.
Basta, então, memorizar a senha mestra.
A ideia não é unânime entre os
analistas, até porque, caso você esqueça a senha mestra, terá uma grande dor de
cabeça.
Mas atenção: Bonneau lembra
que de nada adiantam essas precauções se o seu computador estiver infectado com
programas malignos como "keyloggers", que "leem" tudo o que
for digitado ou clicado. Aí, por melhor que seja a sua senha, ela será lida
pelo hacker.
Para se prevenir, evite
digitar senhas importantes em computadores de lan-houses e, no computador
pessoal, tome cuidado ao instalar programas e mantenha antivírus e atualizações
em dia.
Sites ‘confusos’
Um empecilho extra é que,
mesmo que usuários queiram criar senhas simples, muitas vezes são forçados
pelos sites de cadastro a montar combinações difíceis de letras maiúsculas e
minúsculas, números e caracteres especiais.
"O que você tem que se
perguntar é: de quem quer se proteger?", afirma o brasileiro Dinei
Florencio, pesquisador na Microsoft Research. "Se o risco maior for o de
encontrarem a anotação em sua casa, então não anote. Mas se o agressor em
potencial for remoto, não há problema em anotar."
Ele diz que muitos previram a
extinção do sistema de senhas online, mas este sobrevive porque traz vantagens:
"É conveniente, amigável ao usuário e as pessoas já conhecem seu
mecanismo".
Joseph Bonneau acredita que,
na próxima década, talvez precisemos memorizar menos senhas, já que alguns
sites começam a fazer logins integrados (ou seja, com um mesmo cadastro você
acessa mais de um site).
Quanto a sistemas alternativos
de verificação – biométricos, por exemplo –, Florencio acha que eles demorarão
a ser aplicados em grande escala. Um dos motivos é que demandariam que usuários
instalassem softwares, câmeras, leitores...
"Até que outros sistemas
sejam igualmente amigáveis, será difícil substituir as senhas", opina ele.
"E acho que seus inconvenientes ainda são pequenos em comparação aos
benefícios e ao controle que elas proporcionam aos usuários."
Fonte - r7
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