Um adesivo eletrônico da espessura de um fio de cabelo, que adere na pele como uma tatuagem temporária, poderá revolucionar procedimentos médicos, video games e operações de espionagem, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira (11/8) na revista Science.
A tecnologia de microeletrônica, denominada sistema eletrônico epidérmico (EES, na sigla em inglês), foi desenvolvida por uma equipe internacional de cientistas de Estados Unidos, China e Cingapura.
"Trata-se de uma tecnologia que reduzirá o abismo entre eletrônica e biologia", disse o co-autor do estudo, John Rogers, professor de ciência de materiais e engenharia da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. "Nosso objetivo era desenvolver uma tecnologia eletrônica que pudesse se integrar à pele de uma forma que ficasse invisível mecânica e fisiologicamente para o usuário", acrescentou.
O adesivo poderá substituir os eletrodos usados para monitorar a atividade do cérebro, do coração e do tecido muscular e, quando colocado na garganta, permitiu aos usuários operar um video game acionado por voz com precisão superior a 90%.
"Este tipo de dispositivo poderá ser útil para aqueles que sofrem de algumas doenças de laringe", explicou. "Também poderá servir de base para a capacidade de comunicação subvocal, adequada para situações de camuflagem ou outros usos", acrescentou.
O dispositivo sem fio quase não tem peso e exige tão pouca energia para funcionar que pode se reabastecer sozinho usando coletores solares miniaturizados ou capturando radiação eletromagnética dispersa ou transmitida, acrescentou o estudo.
Com espessura inferior a 50 microns, um pouco mais fino do que o cabelo humano, o equipamento pode aderir à pele sem a necessidade de uso de cola.
"Forças denominadas 'van der Waals' dominam a aderência ao nível molecular, portanto as tatuagens eletrônicas aderem à pele sem qualquer cola e fica no lugar por horas", destacou o estudo.
O engenheiro Yonggang Huang, da Northwestern University, afirmou que o adesivo é "tão macio quanto a pele humana".
Rogers e Huang trabalharam juntos nesta tecnologia durante seis anos. Os dispositivos poderão ser usados no futuro em pacientes com apneia noturna, bebês que precisam de cuidado neonatal e para produzir bandagens eletrônicas para ajudar a pele a cicatrizar queimaduras e ferimentos.
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