domingo, 2 de setembro de 2012

Nanotecnologia: ação direta nos tumores cerebrais

O cérebro tem uma barreira física que separa o sangue circulante do sistema nervoso central, chamada barreira hematoencefálica (BHE). Ela existe para proteger o órgão de substâncias tóxicas ou micro-organismos presentes no meio sanguíneo. Ao mesmo tempo, impede que alguns medicamentos penetrem no tecido cerebral, dificultando o tratamento de tumores, por exemplo.

Há alguns anos, cientistas procuram uma maneira de ultrapassar esse mecanismo e injetar, no cérebro, importantes medicamentos em prol de terapias mais efetivas. Uma nova tentativa feita por pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore (EUA), conseguiu alojar em cérebros de camundongos e no tecido cerebral humano o “cavalo de troia” para a destruição de tumores.

A equipe da pesquisadora Elizabeth Nance desafiou o entendimento de que qualquer partícula com mais de 60 nanômetros ficaria presa na BHE e descreveu na edição desta semana da revista Science Translational Medicine, uma técnica para a difusão de substâncias com até 100 nanômetros. Foi usada uma substância chamada polietilenoglicol (PEG), que consegue tornar moléculas maiores mais fluidas no tecido cerebral. Eles embeberam nanopartículas nessa substância e penetraram o tecido cerebral com facilidade, enquanto partículas do mesmo tamanho sem o revestimento foram paradas.

“As partículas maiores permitem a inclusão de maiores quantidades de droga, que pode ser distribuída por períodos de tempo mais longos e para áreas ainda mais internas do cérebro”, detalha Elizabeth. Ela também testou a capacidade de entrega de drogas com nanopartículas biodegradáveis de 85 nanômetros carregadas com paclitaxel – usado no tratamento de câncer. Mais uma vez, os resultados obtidos foram positivos. “Embora essas partículas densamente revestidas possam fazer a entrega da droga mais eficientemente, ainda precisam ser testadas em um modelo de doença para confirmar a eficácia sobre nanopartículas convencionais”, pondera a pesquisadora.

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