quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Ciência: nova estratégia para terapias contra o câncer”

Uma descoberta anunciada ontem pode abrir caminho para novas terapias capazes de reverter as células cancerígenas em pessoas saudáveis. Segundo Panos Anastasiadis, diretor de Biologia do Câncer da Clínica Mayo, na Florida, e um dos autores do estudo, esta descoberta representa “uma nova biologia que fornece o código, o software para ‘desligar’ o câncer”.
O “software” em questão foi revelado pela descoberta que proteínas de adesão, uma espécie de cola que mantém as células unidas, e interagem com o microRNA (miRNA), que desempenha papel fundamental na produção de moléculas.
A pesquisa, que foi publicada na revista acadêmica Nature Cell Biology, mostra que quando células normais entram em contato umas com as outras, o miRNA suprime os genes que promovem o crescimento celular. Entretanto, quando a adesão acontece entre células cancerígenas, o miRNA fica desregulado e a multiplicação das células, fora de controle. Em experimentos em laboratório, o restabelecimento do nível normal do miRNA em células cancerígenas foi capaz de reverter a sua multiplicação.
“O estudo revela uma nova estratégia para terapias contra o câncer”, afirmou Antonis Kourtidis, líder do estudo.
Entretanto, ainda é cedo para se pensar em uma nova terapia. Para o oncologista Celso Rotstein, consultor médico da Fundação do Câncer, a descoberta “aprofunda o conhecimento sobre os mecanismos que fazem a célula cancerígena se reproduzirem sem controle”.
“Mas para transformar esse achado em um medicamento, o passo pode ser muito distante. Não é algo que possa ser considerado todas as vezes que você aprende mais sobre o mecanismo”, avalia Rotstein.
De acordo com o Rotstein, a ciência está passando por um período de rápido aprofundamento do conhecimento sobre o fenômeno oncogênico, sobre o surgimento dos tumores, e novas formas de combate à doença estão surgindo, como as imunoterapias e os medicamentos alvos moleculares.
“O problema é que a célula neoplásica é extremamente instável. Isso significa que ela vai se tornando resistente aos tratamentos”, diz Rotstein.

Nenhum comentário: