terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Nova molécula bloqueia infecção por HIV

Cientistas desenvolveram uma molécula capaz de bloquear a infecção do vírus da Aids, uma descoberta que pode abrir caminho para uma nova terapia e uma vacina alternativa de combate ao avanço da doença.
Pesquisadores vêm tentando há três décadas desenvolver uma vacina eficaz contra o vírus da imunodeficiência humana, que causa a AIDS. Eles também têm buscado uma maneira de curar pessoas infectadas. Mas o vírus, em constante evolução, frustrou todas as tentativas anteriores.
Agora, uma equipe do Instituto de Pesquisa Scripps afirma ter identificado um caminho para impedir a infecção pelo HIV nas células. Eles usaram uma técnica que se assemelha à terapia gênica ao invés da abordagem que busca induzir uma resposta do sistema imunológico.
O HIV normalmente invade a célula através de dois receptores. A nova proteína bloqueia os dois locais onde o vírus se conecta, fechando assim as portas de entrada. Por aderir a ambos os receptores em vez de apenas um, a proteína, chamada eCD4-IG, bloqueia mais cepas do HIV que qualquer um dos poderosos anticorpos que vêm sendo usados para tentar inibir o vírus, segundo os estudiosos. A pesquisa foi publicada na última quarta-feira, 18, na revista Nature.
“É absolutamente 100% efetivo. Não há dúvida de que esse é, de longe, o melhor inibidor da entrada do vírus desenvolvido até hoje”, disse o professor de doenças infecciosas no Scripps e autor da pesquisa, Michael Farzan. A descoberta ainda não foi testada em humanos, mas apenas em quatro macacos.
“Essa pesquisa inovadora é uma promessa de que nos movemos em direção a dois objetivos importantes: assegurar a proteção em longo prazo da infecção pelo HIV e colocar o vírus em remissão sustentada em pessoas cronicamente infectadas”, disse o diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA, Anthony Fauci.
Cientistas que não estão envolvidos no projeto dizem que a estratégia parece promissora e que a equipe deve partir rapidamente para a fase de testes em humanos. Segundo estimativas, 35 milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus em todo o mundo, porém somente 13,6 milhões recebem tratamento adequado para conter a evolução do vírus, impedindo que ele se multiplique e permitindo que os pacientes tenham qualidade de vida.

Farzan disse que espera que os testes em humanos comecem em um ano. Até lá, mais testes em animais serão realizados para garantir a segurança da descoberta. O primeiro passo, segundo o pesquisador, será avaliar a capacidade da molécula em manter os níveis do vírus estagnados nas pessoas infectadas. Depois será testada a eficácia da molécula como vacina em pessoas que não têm o vírus, mas tem alto risco de infecção.

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