terça-feira, 7 de outubro de 2014

PORNOGRAFIA TEM EFEITO CEREBRAL SEMELHANTE À DROGA




Investigadores da universidade de cambridge concluíram que pessoas viciadas em sexo têm o mesmo tipo de reação cerebral, quando assistem a pornografia, que os toxicodependentes quando usam drogas
Quando uma pessoa com comportamento sexual obsessivo vê pornografia, o seu cérebro apresenta um tipo de atividade semelhante à espoletada por drogas em toxicodependentes. A conclusão é de um estudo desenvolvido por investigadores do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, recentemente publicado na revista “Plos One”.
No estudo, financiado pelo Wellcome Trust, os investigadores debruçaram-se sobre a atividade cerebral de 19 pacientes do sexo masculino, afetados por comportamento sexual obsessivo (ou viciados em sexo, como são comummente designados), comparando-a com a de outros tantos voluntários saudáveis.
“Os pacientes do nosso ensaio eram pessoas com dificuldades consideráveis em controlar o seu comportamento sexual e isso teria consequências significativas, afetando as suas vidas e relações”, explica Valerie Voon, uma das autoras do estudo, citada em comunicado pela Universidade de Cambridge. “Em muitos aspectos, mostram semelhanças de comportamento relativamente a pacientes com vício de drogas. Queríamos ver se estas semelhanças se refletiam, também, na atividade cerebral.”
Aos participantes no ensaio foram, então, mostrados vários vídeos curtos com “conteúdo sexual explícito”, ao mesmo tempo em que a atividade cerebral era monitorizada. Três regiões específicas do cérebro: corpo estriado ventral; córtex cingulado anterior e amídala mostraram-se mais ativas nos indivíduos com comportamento sexual obsessivo, quando comparadas com as dos voluntários. Essas mesmas três regiões são, também, particularmente ativadas em toxicodepentes na presença de estímulos de drogas.
Contudo, e apesar das conclusões, os investigadores alertam para o fato de isto “não significar necessariamente que a pornografia é viciante”. “Há diferenças claras na atividade cerebral entre pacientes com comportamento sexual obsessivo e voluntários saudáveis. Estas diferenças espelham as dos toxicodependentes”, acrescenta Valerie Voon. Mas a investigação continua, “não fornece provas de que estes indivíduos sejam viciados em pornografia — ou que a pornografia seja inerentemente viciante”.
Identificada foi também uma corelação entre a atividade cerebral e a idade. Quanto mais novo o paciente, maior o nível de atividade no estriado ventral em resposta à pornografia — uma associação particularmente forte em indivíduos com aquele tipo de comportamento obsessivo. Nestes pacientes, o estriado ventral “pode ser importante no desenvolvimento de comportamentos sexuais obsessivos, de forma semelhante ao que acontece nos casos de adição”. Ainda assim, esta ligação direta precisa de ser validada, ressalvam os investigadores.
De acordo com o comunicado da universidade, um em cada 25 adultos sofre de comportamento sexual obsessivo, quer falemos de “pensamentos sexuais, sentimentos ou comportamentos impossíveis de controlar”. Excessivo uso de pornografia é uma das principais características identificadas em muitas destas pessoas.


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