domingo, 26 de maio de 2013

Vem ai o “viagra feminino”

Meio século atrás, a pílula anticoncepcional oferecia às mulheres a capacidade de separar o sexo da reprodução. Agora, um novo medicamento para resgatar a libido feminina, que deverá ser submetido até agosto para aprovação do Food and Drug Administration (órgão que regula medicamentos nos EUA), promete abrir caminho para que as mulheres deem um próximo passo, resgatando o desejo sexual.
“Viagra feminino” é a forma como esses medicamentos costumam ser caracterizados, mas isso é um equívoco. O Viagra modifica as artérias, provocando mudanças físicas que facilitam a ereção nos homens. A droga feminina do desejo é outra coisa. Ela precisa ajustar regiões primitivas do cérebro e influenciar a psique.
A busca pela droga feminina do desejo tornou-se uma obsessão da indústria farmacêutica há mais de uma década, em grande parte porque o lançamento do Viagra, em 1998, mostrou as somas gigantescas de dinheiro que podem ser adquiridas com uma solução química rápida para a disfunção sexual. Mas, enquanto o Viagra e seus concorrentes lidam com a simples hidráulica da impotência, a complexidade psicológica da falta de libido das mulheres, até agora, tem derrotado os gigantes da indústria.
Mas o Viagra também influencia o estado mental dos pacientes. A mecânica do corpo e os mistérios da mente estão interligados. Dê a um homem uma ereção e seus nervos sensíveis e sentimentos de maior poder e controle irão alimentar sua libido. As mulheres, uma pesquisa mostrou, são menos conscientes de excitação genital e, provavelmente por este motivo,  substâncias como o Viagra não são suficientes para levantar o desejo das mulheres. Metade do arsenal químico do medicamento Lybrido emprega uma química semelhante ao Viagra, na esperança de que isso possa ser eficaz em combinação com uma substância que se destina mais diretamente a influenciar o cérebro.
O Lybrido funciona de forma um pouco diferente das drogas que a precederam. Por um lado, a pílula contém duas substâncias ativas com efeitos que se convergem. Cada droga mexe com a interação entre a serotonina e a dopamina, dando mais ênfase à dopamina, responsável pela sensação de prazer.
A droga tem um revestimento de testosterona com sabor de hortelã que derrete na boca. Quando o exterior é dissolvido, a paciente engole uma pílula com químicos que são liberados paulatinamente na corrente sanguínea.  No Lybrido, esta pílula interior é um primo próximo do Viagra. A ideia é que a molécula semelhante ao Viagra leva mais sangue para os órgãos genitais, e isso vai trabalhar em conjunto com a testosterona. Juntos, eles irão “agitar a mente” feminina para que esteja mais consciente de impulsos eróticos, aumentando a liberação da dopamina no cérebro. O Lybrido utiliza um composto chamado buspirona em vez do Viagra. A buspirona foi originalmente usada como um medicamento anti-ansiedade e se tomado todos os dias pode elevar a serotonina — visto como o hormônio responsável pelo auto-controle, entre outras funções — no cérebro. Mas  se ela for ingerida no máximo a cada dois dias, ela tem um efeito único e de curto prazo: a serotonina é suprimida apenas durante algumas horas.
Resultados de estudos recentes mostram que o Lybrido concede benefícios inequívocos ao desejo  – e nas taxas de orgasmo. Se tudo correr bem e o FDA aprovar a droga para uma segunda e mais extensa bateria de testes, o medicamento pode chegar ao mercado  em 2016.


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