quinta-feira, 21 de março de 2013

Pterossauro Brasileiro é o terceiro maior réptil voador


Paleontólogos do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) acabam de tornar o céu pré-histórico do Brasil um lugar bem menos seguro ao anunciar a descoberta de um réptil voador que, de uma ponta à outra das asas, pode ter medido 8,5 metros.
A criatura parece pertencer a uma espécie já conhecida de pterossauro, como são designados esses animais, mas nenhum bicho do grupo descoberto até hoje no Brasil chegou perto desse tamanho. Trata-se do terceiro maior pterossauro do planeta, sobrepujado apenas por duas outras espécies, uma norte-americana e outra europeia, que empatam com cerca de 10 m de envergadura.
Detalhes do achado, anunciado na manhã de ontem, estão em um artigo na revista "Anais da Academia Brasileira de Ciências".

Os pesquisadores analisaram fósseis de três indivíduos, todos da chapada do Araripe, região nordestina que é um dos locais do mundo mais ricos em vestígios de pterossauros, alguns excepcionalmente bem preservados, com tecidos moles, como músculos e vasos sanguíneos.
Do trio, o animal mais avantajado é o que teve mais material ósseo preservado: parte do crânio, vértebras, pelve e pedaços de ambas as asas. Segundo os pesquisadores, o bicho pertencia à espécie Tropeognathus mesembrinus. Provavelmente era um devorador de peixes, alimento abundante no ambiente costeiro que predominava no Araripe à época.
Alexander Kellner, paleontólogo que coordenou a pesquisa, destaca que o novo espécime contraria a ideia de que certos grupos de pterossauro não teriam o potencial evolutivo de alcançar dimensões gigantes, ou que esse gigantismo só apareceu pouco antes da queda de um meteorito que os fez desaparecer há 65 milhões de anos.
"De repente, você tem um animal de 110 milhões de anos que já chegava a esse tamanho", afirma Kellner. "As pessoas falavam em limite de envergadura para esse tipo de pterossauro, mas sempre pode aparecer um maior."
Como nenhum bicho voador moderno chega perto desses monstros em tamanho, há debate sobre como eles se mantinham no ar. Alguns os veem como planadores, sem vocação para o voo "real".
Para Kellner, embora as aves modernas com as maiores asas, os albatrozes, tenham envergadura de apenas 3,5 m, é possível fazer uma analogia entre eles e os megapterossauros. "Um albatroz pode ficar quilômetros sem bater as asas, mas, quando precisa, ele as bate."
A pesquisa teve apoio da Faperj, fundação estadual de amparo à pesquisa do Rio. Cientistas de universidades do Ceará e de Pernambuco também assinam o estudo.
As peças ficam em exposição no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio, a partir de amanhã.


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